sábado, 31 de março de 2012

Causas do Suicidio por Yvone Pereira


Yvone Pereira (1900-1984)
“ Amigos e irmãos, abraço-os fervorosamente.

Nesta oportunidade, desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa série de ações, desenvolvidas ao longo de 18 meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas, mesmo as inimagináveis.

As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos do Espírito. Brotam de um dia para outro, pois os excessos da Humanidade tem reduzido o tempo de reencarnação para um numero significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras.

A campanha Em Defesa Da Vida”, conduzida pelos Espíritas, é ação que ameniza a situação, mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido.
Assim, passamos ao nosso relato.

Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, (espiritual)  uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos, chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho, ao contrario, contabilizávamos um numero crescente, dia após dia.

 Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de “escola” – se este é o nome que se pode utilizar – cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio: técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio.

O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimento à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero.

Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada à maldade, pode desestruturar o ser humano.
Após tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós.

Durante algum tempo pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer à matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local.

Almas devotas estiveram conosco permanentemente, instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitude do amor.

Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em princípio, maiores problemas; o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade.

 Várias tentativas foram enviadas, neste sentido. Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio.

Mas, a vitoria chegou, gloriosa, no final da tarde de domingo último, (1)quando, convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor.

Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos.

Foram momentos de grande emoção que envolveram a todos nós, quando uma nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram em prol da paz.

A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos.  A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para o além do recinto, ganhando a cidade. Brasília se nimbou de luz, no ar, no solo, nas águas.

 À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da Criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições públicas e privadas, residências, tudo enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do alto.

Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no Extremo e Médio Oriente, atingindo a todos os continentes, países e cidades. Alcançou os polos do Planeta, girou, em bailado sublime, por breves minutos ao redor da Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito.

Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão.

Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz!”

Com afeto,
Yvonne Pereira.

(Mensagem recebida por Marta Antunes de Moura, na Federação Espírita Brasileira em 22 de Abril de 2010).

 (1) Domingo, 18 de Abril de 2010: dia do encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro, todos os presentes cantavam, emocionados, a música pela paz.

domingo, 25 de março de 2012

"Ante os Tempos Novos" Apelo de Bezerra de Menezes



Vem, Celeste Amigo, vem!
Toma do nosso passo e leva-nos
 Ao caminho do bem.
Vem, Celeste Amigo, vem!
Para que Te possamos servir e
 Amar entregues ao espírito de
 Renúncia por fidelidade a Ti.
São tantos os que te dizem
“Senhor! Senhor!”
Mas, poucos são aqueles que Te
 Amam.


Permite, Senhor,
Que em nossa noite de agonia
Possamos curvar-nos à dor
E sob o látego da provação
Entreguemo-nos em holocausto ao
 Teu amor.
Dia novo de luz-hora de bênção.
O Evangelho em triunfo necessita
Do adubo do testemunho.
Somos aqueles discípulos
Equivocados que malogramos
Ontem, que nos equivocamos hoje,
Mas a Tua soberana misericórdia
Nos reconvocou. Toma de nossas
Mãos e leva-nos, Amigo Divino, ao
Caminho da libertação.
Agora, meus amigos, é a nossa
Hora, não amanhã. Este é o nosso
Momento, não depois.
Jesus hoje,
Jesus ontem,
Jesus sempre.

Nota: Mensagem de Bezerra de Menezes, através do médium Divaldo P. Franco, publicada no  Livro: "Ante os Tempos Novos" de Suely Caldas Schubert.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Biografia de Fernando de Lacerda o Médium Português

De Lisboa ao Rio de Janeiro...


Fernando de Lacerda (1865-1918)


Fernando Augusto de Lacerda e Melo nasceu em Loures no dia 6 de Agosto de 1865, sendo o mais velho de doze irmãos. Aos 13 anos foi estudar para Lisboa, tendo ficado ao cuidado do seu tio paterno Joaquim Ciríaco, em casa de quem morou até aos 19, altura em que regressou a Loures. Corria o ano de 1884. A sua mãe, entretanto, já tinha falecido e Fernando dedicou-se a ajudar o pai a criar os seus irmãos mais novos.
Mas, como jovem activo que era, pouco depois embrenhou-se no projecto de fundar os Bombeiros Voluntários de Loures. E, se bem o pensou, melhor o fez, e em 29 de Junho de 1887 é inaugurada a corporação, tendo por comandante o próprio Fernando de Lacerda.
“Presença agradável, voz calorosa e insinuante, extremamente simpático, dotado de uma actividade constante, com ar galhofeiro e um eterno sorriso, cativa logo quem com ele trata porque se vê naqueles olhos traquinas um fundo de alma cheio de bondade e de amor (…)”, eis aqui como é descrito pelo “Jornal do Bombeiro” da sua corporação, na edição de 15/02/1890.
Em 1893, nove anos após ter deixado Lisboa, regressa à capital e entra para a Policia Administrativa do Governo Civil, onde vai subindo na cadeia hierárquica até atingir o posto de sub-inspector.
Em 1899, herda do seu tio a “Fabrica a vapor de Baguetes e Galerias”, situada na Costa do Castelo e mais tarde transferida para o Largo do Intendente, tornando-se assim comerciante, mas continuando a manter o seu posto na Policia Administrativa.
Aos 34 anos, ou seja, em 1899, começou a despontar nele a Psicografia, ao mesmo tempo que recuperava a fé perdida na adolescência e que começava a ser consciente de que há vida depois da morte.
Grande parte do apoio que teve para o desenvolvimento da sua mediunidade ficou a dever-se a um íntimo amigo seu, o Dr. José Alberto de Sousa Couto, espírita e advogado de nomeada. Embora a sua mediunidade tenha começado pela Psicografia, também se desenvolveu nas áreas da clariaudiência, da vidência, da cura e da Psicografia especular (mensagem que só pode ser lida através de um espelho, por estar escrita ao contrario).
Dos espíritos que se manifestaram por seu intermédio, os que causaram maior impacto na sociedade da época foram Heliodoro Salgado, Eça de Queiroz, João de Deus, Júlio Diniz, Napoleão, Augusto de Castilho, Victor Hugo, Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco. O facto foi comentado pelos jornais da época, entre eles o “Jornal da Noite” , na edição de 23/11/1906:
“ (…) F.L., conversando despreocupadamente com os amigos, falando normalmente e respondendo-lhe acertadamente, sente uma necessidade imperiosa de escrever, e num estado psicológico especial, continuando a conversar – bem dentro da sua personalidade – deixa o seu braço armado de lápis fazer o que quiser, e recebe comunicações espantosas.”
Se havia quem questionasse a veracidade das faculdades mediúnicas, embora sem pôr em causa o carácter do médium, havia quem troçasse e criticasse, o que o entristecia e desanimava. Mas tinha nos próprios espíritos o consolo, a força e a ajuda de que precisava. E, do lado de cá, tinha no seu amigo Sousa Couto um sólido apoio.
Recebia tantas mensagens e tantas missivas, que começou a pensar reunir tudo num livro. (Não esqueçamos que a grande missão de Fernando de Lacerda foi justamente a da divulgação da comunicação e da sobrevivência da alma!)
Em 1908 e após dois anos de trabalho, o livro foi finalmente publicado.
Varias personalidades da época, entre elas Teófilo Braga, teceram diversos comentários sobre a obra, que rapidamente se tornou num “best-seller”. Foi tamanho o sucesso que, imediatamente, foi publicado o 2º volume. Mas o mais curioso é que, embora o livro fosse o mais vendido de então, poucos eram os que gostavam de afirmar que o tinham lido… e neste aspecto podemos dizer que nem parece terem passado 100 anos!...
Estes primeiros dois volumes tiveram igualmente uma enorme repercussão no Brasil, pois também lá se esgotaram rapidamente.
Entretanto, a partir deste mesmo ano de 1908, o médium começou a ser ferozmente perseguido pelo partido republicano, com diversos ataques e calunias.
Em Portugal vivia-se uma época turbulenta, em termos políticos, com o descontentamento popular a aumentar a cada dia mais, até que em 5 de Outubro de 1910, o povo de Lisboa levanta-se em armas, depõe a monarquia, e implanta a República no país. A partir dessa altura, a população em geral começou a dar ouvidos às crenças materialistas e ateístas pregadas pelos republicanos.
A posição do médium tornava-se cada vez mais difícil, pois era de todos conhecida a sua fé fervorosa e a sua ligação à espiritualidade. Assim, e animado por um seu amigo, administrador da livraria da Federação Espírita Brasileira, com quem trocava assídua correspondência, começou a pensar em emigrar para o Brasil.
Porem, antes, ainda publicou o 3º volume do “ Do País da Luz”.
Em 10 de Julho de 1911 deixa Lisboa no navio Astúrias, rumo ao país irmão, com o coração cheio de tristeza por se separar de sua família, dos amigos, e da sua terra natal. Com ele não levava nenhum dinheiro, nem sequer a certeza de que iria conseguir recomeçar… apenas o acompanhavam a fé e a ajuda dos espíritos, que nunca o traíram nem o abandonaram.
Chegou ao Rio de Janeiro 13 dias mais tarde, a 23 de Julho de 1911. Prestes a fazer 46 anos, uma nova vida estava à sua espera…
Quando chegou ao Rio de Janeiro, Fernando de Lacerda alugou um quarto numa casa para solteiros, e começou a participar activamente nas reuniões e tarefas da Federação Espírita Brasileira.
No entanto, precisava de arranjar um ganha-pão, e este não seria a edição dos livros que levara, pois se estes algum dinheiro rendessem, seria para ajudar aos necessitados e não para gastar consigo próprio. É que ele punha sempre em pratica o “dai de graça, o que de graça recebesteis” que Jesus nos ensinou…
Foi-lhe proporcionado trabalhar na Policia do Rio de Janeiro com o mesmo cargo, as mesmas regalias e até melhor ordenado, do que tinha em Lisboa, no entanto era imprescindível que se naturalizasse como brasileiro. Mas a alma lusitana corria-lhe nas veias, e nem a magoa nem a tristeza da incompreensão do seu país, o fez desistir de ser português, pelo que permaneceu desempregado durante algum tempo.
Deus manifesta-se de varias formas e, em muitas situações, fá-lo por intermédio dos nossos amigos… além dos que se manifestavam do “lado de lá”, dando apoio e procurando levantar-lhe o moral, os do “lado de cá” também serviam de instrumentos da vontade do Pai. O Dr. Fernando de Moura, o amigo que o recebeu no Brasil, fez-lhe uma venda fictícia de dois prédios na Praia do Flamengo, para que tirasse o seu sustento do arrendamento destes e deixasse de se sentir humilhado pela situação de dependência em que até aí vivia. Fernando de Lacerda ali residiu até ao seu desencarne.
As mensagens que recebia dos amigos espirituais nunca pararam e continuavam a provar a imortalidade da alma.
Agora, eram editadas nos jornais brasileiros da época e causavam o mesmo furor que tinham causado na sociedade portuguesa, antes da Republica, como por exemplo, as mensagens de Antero de Quental e de Camilo Castelo Branco sobre a problemática do suicídio, que foram publicadas no jornal “Imparcial” do Rio de Janeiro, em 7 de Março de 1912.
O simples facto de terem sido publicadas em jornais, fez com que muitos encarnados e desencarnados fossem amparados nos meses seguintes. Nas reuniões mediúnicas manifestaram-se espíritos suicidas que, curiosamente, na última existência tinham vivido em Portugal, sobretudo em Lisboa. Era a lei da afinidade em acção…
Os anos foram passando e a data do regresso à pátria espiritual aproximava-se.
Ainda sonhava em voltar a Portugal, não para viver, pois o “seu” Portugal já não existia, mas para rever os amigos e abraçar a família, sobretudo os afilhados. Um deles, Fernando, emigrou para o Rio de Janeiro e, por intermédio do mesmo amigo que o tinha ajudado a ele, começou a trabalhar numa Companhia de Seguros. E estava tudo tratado para que a sua afilhada Laura também fosse ter com ele ao Brasil e aí ficar a trabalhar.
Contudo, este projecto não se concretizou… pouco depois da chegada do afilhado, o médium começou com uma profunda depressão e as forças que outrora, em alturas terrivelmente difíceis, o tinham sustentado, caíram por terra. Estando agora mais desafogado materialmente, queria comprar tudo - talvez como um meio de compensar a miséria porque tinha passado – e o afilhado teve, mais do que nunca, que o amparar. A somar a tudo isto, apareceu-lhe uma hérnia estrangulada, que lhe foi fatal.
Naquela época – 1918 – se uma hérnia rebentasse, a operação era um risco; mas não havia alternativa e, assim, foi operado de urgência; porem, após a operação, surgiu uma infecção que primeiro o deixou paralisado e depois provocou o seu desencarne, no dia 6 de Agosto.
E assim partiu, rumo ao “País da Luz” e ao merecido descanso, o grande médium português Fernando de Lacerda.
Os seus restos mortais vieram para a sua terra amada, aquando de uma visita de Laura e da família ao Brasil, a qual, ao regressar, fez questão de cumprir o desejo do seu padrinho: voltar a Portugal!
E o 4º volume do “Do País da Luz”? Zêus Wantuil, no número da Revista Espírita de Agosto de 1968, diz que “ (…) um amigo de Fernando de Lacerda retomou, posteriormente, os originais que o médium deixara, já em grande parte extraviados, e editou o IV da maravilha da obra “Do País da Luz”, em 1926, com o apoio da F.E.B. curiosamente – ou não – o prefácio é do próprio Lacerda, agora como espírito.
Depois de desencarnado, há poucas mensagens dele que sejam conhecidas, no entanto, toda a sua obra, a titulo de escrivão dos espíritos, está aí… estudemo-la, comparemos os poemas e os escritos dos autores espirituais, enquanto estavam no corpo físico, com os que ele recebeu… e lembremo-nos de que a sua missão foi exactamente essa: dar provas da imortalidade da alma!
Fonte: Revista Verdade e Luz nº 2 e 3.